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6-1
O Senhor Supremo disse: Aquele que não está apegado aos frutos de seu trabalho e que trabalha como deve, é o desapegado que leva a vida, e ele é o verdadeiro místico, mas não aquele que não acende o fogo e não cumpre os deveres.
Explicação: Neste verso, Krishna explica quem é o verdadeiro desapegado e praticante da disciplina espiritual. Não é apenas a pessoa que se abstém de ações ou não mantém o fogo aceso (simbolizando que não realiza mais rituais ou deveres). Em vez disso, o verdadeiro renunciante e pessoa espiritualmente disciplinada é aquele que cumpre seu dever, mas não se apega aos resultados da ação.
6-2
Entenda, ó filho de Pându, que a renúncia é o mesmo que o caminho da consciência divina ou a união de si mesmo com o Divino, pois ninguém se torna um praticante da disciplina espiritual até que tenha renunciado ao desejo de gratificação dos sentidos.
Explicação: Este verso ensina que, para alcançar a união com o Divino e a unidade espiritual, a pessoa deve abandonar seus desejos pessoais e concentrar-se na ação altruísta. O caminho da disciplina espiritual não são apenas exercícios corporais ou contemplação, mas também abandonar o desejo interior e o apego para alcançar a liberdade e a paz espiritual. Este caminho é a união de si mesmo com o Divino através da renúncia aos desejos mundanos.
6-3
Para aquele que é um iniciante no caminho da consciência divina, a ação é considerada um meio, mas para aquele que já ascendeu no caminho da consciência divina, diz-se que a cessação de todas as ações é o meio.
Explicação: Este verso explica como o desenvolvimento de um praticante do caminho da disciplina espiritual muda dependendo do seu grau de maturidade espiritual. Krishna indica que, para aqueles que são iniciantes no caminho da disciplina espiritual, ações e deveres ativos são um meio essencial para preparar a mente e o corpo para o caminho espiritual. Tais ações, realizadas de forma consciente e altruísta, ajudam a cultivar a autodisciplina, a capacidade de concentração e a pureza moral. Por outro lado, para aqueles que já atingiram um nível superior de disciplina espiritual, a ação externa não é mais tão essencial. Neste nível, o praticante espiritual (praticante da paz interior) concentra-se na paz interior e na estabilidade mental, o que o ajuda a manter o equilíbrio e a ser completamente autônomo, independentemente das circunstâncias externas. Manter a paz e o controle da mente torna-se o principal meio para manter o estado de disciplina espiritual.
6-4
Uma pessoa que realmente renunciou a todos os desejos materiais age não para a gratificação dos sentidos, mas para alcançar o nível mais elevado do caminho da consciência divina.
Explicação: Neste verso, Krishna descreve o estado em que uma pessoa atingiu o nível mais elevado de disciplina espiritual. Para atingir este estado, a pessoa deve libertar-se do apego aos objetos e desejos dos sentidos e parar de se envolver em atividades materiais. Este verso ensina que o verdadeiro crescimento espiritual ocorre quando uma pessoa é capaz de controlar seus sentidos e agir desinteressadamente, sem apego ao material, e tal pessoa atingiu o nível mais elevado de disciplina espiritual.
6-5
Uma pessoa deve se elevar com a ajuda de sua mente, não se permitir degradar. A mente é amiga da alma limitada, e também é seu inimigo.
Explicação: A mente pode ser amiga ou inimiga, dependendo de como a pessoa administra seu mundo interior. • Deve-se elevar a si mesmo – a pessoa deve trabalhar em sua própria mente e desenvolvimento interior. A mente é o que pode elevar uma pessoa a altos níveis espirituais. • Não se deve depreciar – a pessoa não deve depreciar ou permitir que a mente crie pensamentos negativos e auto-humilhação, o que pode impedir seu desenvolvimento espiritual. • A mente é amiga – se uma pessoa é capaz de gerenciar sua mente, ela se torna sua amiga, o que ajuda no desenvolvimento espiritual e proporciona paz interior. • A mente é inimiga – se a mente não é controlada, ela se torna o maior inimigo da pessoa, causando sofrimento interior e levando a ações negativas. Assim, este verso enfatiza a autogestão e o papel da mente na vida de uma pessoa. Uma mente controlada é o caminho para o crescimento espiritual e a paz interior, enquanto uma mente não controlada causa sofrimento e leva a contradições internas.
6-6
Para aquele que venceu sua mente, a mente é sua amiga. Mas para aquele que não conseguiu controlar a mente, a mente se torna seu inimigo e se comporta como um oponente.
Explicação: Neste verso, Krishna aponta o controle da mente como um fator decisivo no caminho espiritual. Aquele que consegue gerenciar sua mente obtém grande apoio e ajuda da mente. Por outro lado, aquele que não consegue gerenciar a mente encontra o poder destrutivo de sua própria mente. • A mente é amiga para aquele que a gerencia – uma pessoa que é capaz de controlar a mente a transforma em uma amiga. A mente, neste caso, torna-se uma aliada poderosa, ajudando a desenvolver a paz interior, a disciplina e o crescimento espiritual. • A mente se torna inimiga – uma pessoa que não consegue controlar sua mente encontra dificuldades internas. A mente pode atuar como um inimigo, causando inquietação, dúvidas e emoções negativas que dificultam o progresso espiritual.
6-7
Para aquele que venceu a mente, a Alma Suprema já foi alcançada, pois ele alcançou a paz. Para tal pessoa, felicidade e tristeza, calor e frio, honra e desonra são a mesma coisa.
Explicação: Neste verso, Krishna descreve as características de uma pessoa espiritualmente estável. Aquele que dominou sua mente e alcançou a paz interior é capaz de manter o equilíbrio, independentemente das circunstâncias externas. Este é um alto estado de unidade espiritual com o Eu Supremo. Uma pessoa que está unida ao Supremo mantém o equilíbrio, apesar das circunstâncias externas, como frio e calor, alegria e sofrimento, honra e insultos. Sua estabilidade espiritual não depende de situações físicas ou emocionais.
6-8
Aquele que está auto-realizado é chamado aquele que está satisfeito com o conhecimento adquirido e sua aplicação. Ele está no caminho da disciplina espiritual e olha igualmente para pedrinhas, pedras e ouro.
Explicação: Este verso descreve as qualidades de um verdadeiro praticante da disciplina espiritual (aquele que segue a disciplina espiritual). Uma pessoa que está satisfeita e preenchida com conhecimento espiritual (conhecimento teórico) e compreensão (conhecimento aplicado). Ele encontra paz e realização em seu conhecimento interior da verdadeira natureza da vida. Este praticante da disciplina espiritual é constante e estável como uma montanha, porque foi capaz de controlar seus sentidos e não permite que eles guiem suas ações. Ele está constantemente equilibrado. Tal pessoa é indiferente ao valor material – não vê diferença entre barro, pedra e ouro, porque sua felicidade não depende de objetos materiais. Ele entende que essas coisas não têm valor real no contexto da compreensão espiritual.
6-9
Uma pessoa está ainda mais avançada em consciência espiritual quando se mostra equânime para com benfeitores, amigos e inimigos, indiferentes, mediadores, invejosos, parentes e com os piedosos e os pecadores.
Explicação: Este verso ensina sobre equanimidade e uma mente equilibrada. Uma pessoa que é igual para com todos, independentemente do relacionamento ou das circunstâncias, atingiu um alto nível de desenvolvimento espiritual. Isso indica uma mente não contaminada, livre de preconceitos, raiva ou apegos, e capaz de ver a unidade Divina em todos os seres vivos.
6-10
O transcendentalista deve sempre ocupar sua mente na percepção do Eu transcendental; ele deve viver sozinho em um lugar isolado e deve sempre controlar cuidadosamente sua mente. Ele deve estar livre de desejos e possessividade.
Explicação: Este verso ensina que, para alcançar o crescimento espiritual e a paz interior, o transcendentalista deve estar livre dos desejos mundanos e viver em um ambiente concentrado e isolado, onde possa praticar disciplina espiritual e controlar sua mente. Isso ajuda o praticante de disciplina espiritual a não se apegar a valores materiais e a alcançar a liberdade interior. Tal ambiente ajuda a se concentrar no Eu transcendental.
6-11
Para praticar yoga, deve-se ir a um lugar isolado e colocar grama kusha no chão e, em seguida, cobri-la com uma pele de veado e um pano macio. O assento não deve ser muito alto nem muito baixo e deve estar situado em um lugar sagrado.
Explicação: Neste verso, Krishna fornece instruções sobre a preparação adequada de um local para a prática de disciplina espiritual. O assento deve ser limpo, coberto com grama, pele de veado e um pedaço de pano, proporcionando conforto e isolamento das energias da terra. A altura do assento deve ser moderada e deve estar localizada em um local sagrado e tranquilo que promova a concentração e a paz.
6-12
Ali o yogi deve sentar-se firmemente e praticar yoga controlando a mente e os sentidos, fixando a mente num ponto e, assim, purificando o coração.
Explicação: Neste verso, Krishna continua explicando a prática da disciplina espiritual. O praticante de disciplina espiritual deve sentar-se firme e reto para promover o fluxo de energia e a concentração. O objetivo da prática é purificar o coração de emoções e desejos negativos, controlar a mente, os sentidos e as ações, além de direcionar a mente para um ponto – a consciência Divina.
6-13
Mantendo o corpo, o pescoço e a cabeça alinhados em linha reta, com a visão fixada na ponta do nariz, praticando sem olhar ao redor. Assim, com a mente calma, desprovido de medo, completamente livre da vida sexual.
Explicação: Neste verso, Krishna descreve a postura correta do corpo e o estado interior durante a prática da disciplina espiritual. O corpo, o pescoço e a cabeça devem ser mantidos retos em linha para promover o fluxo adequado de energia. A mente deve estar calma e livre de medo e desejos sexuais, que podem desviar a atenção do objetivo espiritual.
6-14
O yogi deve fixar sua mente em Mim e fazer de Mim o objetivo supremo de sua vida.
Explicação: Neste verso, Krishna enfatiza que durante a prática da disciplina espiritual, a mente deve estar focada em Deus, em Krishna como a Suprema Personalidade. Deus deve se tornar o objetivo supremo da vida de uma pessoa, e toda ação deve ser realizada com o pensamento Nele. Essa concentração ajuda a alcançar a unidade espiritual e a se libertar das limitações do mundo material. Estes versos ensinam sobre a postura correta e a concentração interna durante a prática da disciplina espiritual, o que ajuda a acalmar a mente, a libertar-se de medos e desejos carnais, e a voltar toda a atenção para Deus, tornando-O o objetivo supremo de sua vida.
6-15
Assim, sempre controlando o corpo, a mente e as atividades, o yogi, cuja mente é disciplinada, atinge o reino de Deus (a morada de Krishna) por cessação da existência material.
Explicação: Este verso explica a essência e o objetivo final da prática da disciplina espiritual. Krishna indica que, praticando regularmente a disciplina espiritual, controlando a mente e mantendo o equilíbrio, o praticante da disciplina espiritual alcança a paz suprema ou nirvana, que é a Consciência Divina. • Concentração constante em si mesmo – o caminho da disciplina espiritual exige concentração e atenção internas constantes. O praticante volta sua atenção para sua verdadeira natureza, que está além do mundo físico e material. • Controle e disciplina da mente – controlar a mente é um pré-requisito essencial para alcançar a paz. Só quando a mente é controlada e disciplinada é que uma pessoa é capaz de viver em harmonia e equilíbrio, não perturbada por circunstâncias externas e desejos internos. • Paz suprema e libertação (nirvana) – esta paz não é meramente uma sensação física ou emocional de calma, mas uma libertação profunda e completa do ego, apegos e agitação mental. Este estado também é chamado de nirvana – liberdade completa dos laços materiais e das obrigações criadas pelas ações. • Unidade com Deus – neste verso, Krishna explica que a paz suprema e a libertação surgem quando o praticante da disciplina espiritual alcança a unidade com Deus. Isso significa que sua consciência está completamente purificada e ele é capaz de viver em unidade com o Divino, encontrando verdadeira harmonia e realização. Esta prática espiritual ajuda a acalmar a mente e alcançar a paz espiritual, que é a liberdade das limitações da existência material e leva à realização da morada Divina.
6-16
Ó Arjuna, não há possibilidade de alguém se tornar um yogi se comer demais ou de menos, dormir demais ou de menos.
Explicação: Este verso ensina sobre moderação e equilíbrio na vida, que são essenciais para praticar com sucesso a disciplina espiritual. Krishna indica que comer demais ou de menos, dormir ou ficar acordado demais pode dificultar a prática da disciplina espiritual. Uma vida equilibrada é um pré-requisito fundamental para alcançar o progresso espiritual. Comer demais ou de menos, dormir ou ficar acordado demais pode dificultar a prática da disciplina espiritual. A moderação na alimentação é importante. Comer demais pode criar obstáculos para a clareza da mente, enquanto comer muito pouco pode enfraquecer o corpo e criar obstáculos físicos à contemplação. Dormir demais pode causar preguiça e embotamento mental, enquanto dormir muito pouco pode causar exaustão física e mental. Um padrão de sono equilibrado garante o equilíbrio do corpo e da mente, o que é essencial para a prática da disciplina espiritual.
6-17
Aquele que é regulado em seus hábitos de comer, dormir, trabalhar e recrear-se pode mitigar todas as dores materiais praticando o sistema de yoga.
Explicação: Neste verso, Krishna explica que a moderação e o equilíbrio em todas as áreas da vida são essenciais para que a disciplina espiritual se torne um meio de destruir o sofrimento. O equilíbrio entre comer, descansar, trabalhar e dormir é importante para manter o equilíbrio físico e mental, o que ajuda a alcançar a paz interior. • Moderação na alimentação e no descanso – o praticante da disciplina espiritual observa a moderação na alimentação e nas atividades diárias. Comer demais ou de menos, bem como atividades excessivas, podem prejudicar o progresso espiritual de uma pessoa e causar sofrimento físico e mental. • Moderação em ações e esforços – o praticante da disciplina espiritual também mostra moderação em ações e esforços. Exagerar no esforço ou no trabalho sem descanso pode levar à exaustão, mas muito pouco esforço pode levar à preguiça e à falta de progresso. • Moderação no sono e na vigília – o praticante da disciplina espiritual equilibra o sono e a vigília. Dormir demais causa preguiça e falta de energia, enquanto dormir muito pouco causa exaustão física e mental. O equilíbrio no sono ajuda a manter a clareza mental. Este verso enfatiza que somente se uma pessoa mantiver moderação e equilíbrio na vida cotidiana a disciplina espiritual se torna um meio que leva à libertação do sofrimento e à paz espiritual. Essa felicidade é passageira e ilusória e leva ao sofrimento e ao apego ao mundo material.
6-18
Quando o yogi, por meio da prática do yoga, disciplina as atividades de sua mente e se estabelece no transcendental – desprovido de todos os desejos materiais – diz-se então que ele está bem situado em yoga.
Explicação: Este verso ensina que a prática da disciplina espiritual atinge sua perfeição quando uma pessoa controla sua mente, concentrando-a no eu interior e libertando-se dos desejos mundanos. Só então a disciplina espiritual se torna um meio eficaz que ajuda a alcançar o crescimento espiritual e a paz interior. Tal pessoa está firmemente estabelecida na disciplina espiritual.
6-19
Assim como uma lâmpada não vacila num lugar sem vento, assim é o transcendentalista, cujo pensamento é controlado, permanece sempre firme na sua meditação sobre o Eu transcendental.
Explicação: Este verso ensina que, para alcançar a estabilidade espiritual, é preciso praticar o controlo da mente e dedicar-se à prática constante da disciplina espiritual. Quando a mente é controlada, consegue-se viver em paz e manter o equilíbrio interior, apesar de perturbações ou desafios externos.
6-20
No estado chamado transe ou samādhi, quando a mente da pessoa, através da prática da disciplina espiritual, se refreia completamente da atividade mental material, ela consegue ver o Eu por meio da mente purificada e encontra prazer no Eu.
Explicação: Este verso descreve o estado alcançado através da prática espiritual, chamado transe ou samādhi. Neste estado, a mente está completamente livre de influências e atividades materiais. A pessoa consegue ver o seu verdadeiro eu com uma mente pura e não perturbada e encontra uma profunda alegria interior.
6-21
Nesse estado de alegria, situa-se na felicidade transcendental ilimitada, percebida através dos sentidos transcendentais. Assim estabelecido, jamais se desvia da verdade,
Explicação: Este verso continua a descrever o estado acima mencionado, enfatizando que ele proporciona uma felicidade transcendental imensurável, alcançada através dos sentidos espirituais e não materiais. Uma pessoa estabelecida neste estado nunca se desvia da verdade, pois já a experimentou diretamente.
6-22
e, obtendo isso, pensa que não há ganho maior. Situado nessa posição, jamais se perturba, mesmo em meio à maior dificuldade.
Explicação: Este verso afirma que, ao alcançar este estado de união espiritual, a pessoa percebe que nada é melhor do que ele. Esta perceção dá-lhe força e estabilidade interiores, permitindo-lhe permanecer inabalável mesmo perante as maiores dificuldades.
6-23
Na verdade, este é a verdadeira libertação de toda a miséria proveniente do contacto material.
Explicação: Este verso conclui o pensamento do verso anterior, confirmando que o estado descrito é a verdadeira libertação de todo o sofrimento resultante do contacto com o mundo material. É um estado de libertação espiritual.
6-24
Deve-se praticar firmemente esta ioga com determinação e fé, sem se desviar do caminho. Abandonando sem exceção todos os desejos materiais nascidos da especulação mental, controlando assim completamente os sentidos por todos os lados com a mente.
Explicação: Neste verso, Krishna explica como praticar a disciplina espiritual, renunciando aos desejos que surgem das especulações da mente e dos apegos. Para alcançar a perfeição espiritual, é preciso controlar os sentidos e os desejos que perturbam o caminho espiritual. • Abandono dos desejos – o praticante da disciplina espiritual deve abandonar todos os desejos nascidos na mente. Estes desejos são muitas vezes superficiais e relacionados com os prazeres mundanos ou apegos, que podem desviar do caminho da disciplina espiritual. Os desejos devem ser abandonados completamente, sem deixar vestígios, para que se possa manter a paz de espírito. • O poder da mente – é preciso usar o poder da sua mente para controlar completamente os sentidos e evitar que eles o desviem do objetivo espiritual. O poder da mente deve ser usado para controlar os sentidos e impedi-los de se desviarem do objetivo espiritual. • Controlo total dos sentidos – aqui é indicado que os sentidos devem ser controlados totalmente, não apenas parcialmente. Assim, enfatiza-se o controlo e autodomínio completos em todos os aspetos. Isto significa que o praticante é capaz de manter a concentração e o equilíbrio, mesmo que seja afetado externamente por diferentes objetos sensoriais.
6-25
Gradualmente, passo a passo, com a inteligência dirigida pela convicção, deve-se fixar a mente no Eu, e não pensar em mais nada.
Explicação: Neste verso, Krishna dá instruções sobre como atingir gradualmente a profundidade da contemplação e o controlo da mente necessários para compreender a própria natureza verdadeira. Ele enfatiza que a disciplina espiritual é um processo longo e paciente que requer perseverança e sabedoria. • Controlo gradual da mente – não é possível controlar a mente de uma só vez, por isso é importante abordá-la gradualmente. Com paciência e persistência, é preciso aprender a direcionar gradualmente a sua mente para alcançar a paz e o silêncio. • Compreensão e determinação – Krishna indica que o controlo da mente requer tanto sabedoria como determinação. A sabedoria ajuda a compreender a natureza da mente e a distinguir os pensamentos transitórios da natureza imutável da alma, enquanto a determinação ajuda a superar a resistência e as distrações da mente que podem surgir no caminho. • Voltar a mente para a alma – o praticante deve direcionar a sua mente para a sua verdadeira natureza – a alma. Este voltar-se para a essência interior ajuda a libertar-se do apego a objetos externos e experiências mentais, permitindo que se concentre totalmente na sua alma. Durante a contemplação, a mente deve ser mantida longe de quaisquer pensamentos ou preocupações mundanas. • Não pensar em mais nada – durante a contemplação, a mente deve ser mantida longe de quaisquer pensamentos ou preocupações mundanas. O silêncio da mente permite perceber a paz interior e aproxima o praticante da sua verdadeira essência.
6-26
De onde quer que a mente vagueie devido à sua natureza instável e inconstante, deve-se certamente trazê-la de volta e subjugá-la, concentrando-a no Eu.
Explicação: Neste verso, Krishna refere-se ao controlo da mente como uma parte essencial da prática da disciplina espiritual. A mente é inquieta e instável, muitas vezes vagueando para objetos ou pensamentos externos, mas é preciso estar determinado a trazer a mente de volta à essência interior e controlá-la. • A mente inquieta vagueia – a mente é, por natureza, inquieta e instável, muitas vezes vagueando de um objeto para outro, de um pensamento para o seguinte. Esta inquietação dificulta a concentração e a prática espiritual. • Trazê-la de volta de lá – o praticante da disciplina espiritual é responsável por trazer a mente de volta repetidamente dos lugares para onde vagueia. É uma prática contínua – cada vez que a mente se desvia, deve ser trazida de volta. • Direcionar a mente para a alma – A mente deve ser direcionada para a alma, para a essência interior, pois este é o caminho para a paz espiritual e o autoconhecimento. O controlo da mente é essencial para manter o foco no caminho espiritual e perceber o próprio eu verdadeiro.
6-27
O yogi cuja mente está fixa em Mim certamente alcança a mais elevada perfeição da felicidade transcendental. Ele está além do modo da paixão, percebe a sua identidade qualitativa com o Supremo e, assim, liberta-se de todas as reações do pecado.
Explicação: Neste verso, Krishna descreve o estado alcançado pelo praticante da disciplina espiritual quando a sua mente está calma e ele está livre de paixões. Neste estado, ele alcança a felicidade suprema e torna-se uno com a Realidade Divina. • Mente calma – quando o praticante da disciplina espiritual acalmou completamente a sua mente e se libertou da agitação mental e das distrações mundanas, ele alcança uma profunda paz interior. Uma mente calma é o principal pré-requisito para experimentar a mais elevada felicidade espiritual. • Alcançar a felicidade suprema – a felicidade suprema aqui significa a felicidade espiritual que surge da paz interior e do equilíbrio mental. O praticante da disciplina espiritual que está livre de paixões sente esta felicidade espiritual suprema, que não está relacionada com prazeres mundanos ou desejos materiais. • Livre de paixões – as paixões são o que causa agitação, desejos e discórdia. O praticante da disciplina espiritual que está livre de paixões consegue manter a paz espiritual e tornar-se estável na sua consciência. Ele libertou-se das qualidades materiais das paixões que fazem com que uma pessoa procure constantemente estímulos externos. • Uno com o Divino – quando o praticante da disciplina espiritual está puro e livre de pecados, ele torna-se uno com a Consciência Divina. Neste estado, o praticante da disciplina espiritual está livre do sofrimento e vive em unidade com a Realidade Divina. • Puro e não contaminado – o praticante da disciplina espiritual está puro porque se libertou dos pecados e da contaminação associados à vida mundana. Esta pureza permite-lhe viver em plenitude espiritual e em harmonia com o Divino.
6-28
Assim, o yogi auto-realizado, mantendo sempre a mente fixa no Eu, torna-se livre de toda a contaminação material e alcança o mais elevado estágio de felicidade em contacto com o Supremo.
Explicação: Este verso descreve como o praticante da disciplina espiritual que pratica constantemente a disciplina espiritual e se purificou de todos os pecados alcança a mais elevada felicidade espiritual porque está em contacto com a Consciência Divina. Esta unidade espiritual com o Divino proporciona uma profunda satisfação e paz interior. Neste estado, alcança-se a felicidade suprema estando em contacto com a Consciência Divina. • Manter sempre a mente fixa no Eu – o praticante da disciplina espiritual está constantemente ligado à sua alma, o que significa que se concentra continuamente na consciência interior. Esta prática contínua garante o equilíbrio espiritual e a paz interior. • Purificado de todos os pecados – ao praticar a disciplina espiritual, ele torna-se purificado de pecados e da contaminação mundana. A sua mente e alma estão livres das ações e das consequências negativas que impedem o desenvolvimento espiritual. • Em contacto com o Divino – este contacto significa a unidade com a Consciência Divina, que leva à perfeição espiritual. • Experimentar a felicidade suprema – Quando o praticante da disciplina espiritual está em contacto com a Consciência Divina, ele experimenta a felicidade suprema, que é um estado de satisfação espiritual e paz interior. Esta felicidade não depende de circunstâncias externas, mas é uma paz interior e uma realização espiritual.
6-29
O verdadeiro praticante de disciplina espiritual vê a si mesmo em todos os seres e todos os seres em si mesmo. De fato, a pessoa auto-realizada vê-Me, o mesmo Supremo Senhor de Tudo, em todos os lugares.
Explicação: Este verso ensina que, ao atingir o mais alto estado de disciplina espiritual, uma pessoa vê a unidade entre todos os organismos vivos e não discrimina ninguém com base em critérios mundanos. A disciplina espiritual leva a uma profunda compreensão de que estamos todos conectados numa única Consciência Divina, o que leva à paz, igualdade e harmonia entre todos os seres.
6-30
Aquele que Me vê em todos os lugares e vê tudo em Mim, para esse Eu nunca desapareço, e ele nunca desaparece para Mim.
Explicação: Neste verso, Krishna explica o objetivo principal da prática da disciplina espiritual – a união com o Divino. Aquele que consegue ver o Krishna Divino em todos os lugares e entende que tudo existe na Consciência Divina, alcança a união completa com Deus. Essa união torna a pessoa inseparável de Deus, e Deus também nunca o abandona. • Vê-Me em todos os lugares – aquele que atingiu a consciência espiritual vê a presença Divina em todos os lugares e em todos os seres. Ele entende que Deus está em todos os lugares e vê Krishna em cada ser vivo e cada evento da vida está conectado ao Divino. • E vê tudo em Mim – aquele que entende que tudo o que existe faz parte da Consciência Divina. Tudo é criado por Deus e está na Sua presença, e a energia Divina é a base de tudo. Portanto, ele vê Deus em tudo ao seu redor. • Eu nunca desapareço para ele – Krishna diz que, se uma pessoa vê o Divino em todos os lugares, Deus nunca desaparece para ele. A pessoa nunca perde a sua conexão com o Divino, porque a sua consciência está completamente unida a Deus. • E ele nunca desaparece para Mim – Da mesma forma, Krishna afirma que o praticante de disciplina espiritual também não desaparece para Deus. Quando uma pessoa alcança a unidade espiritual com o Divino, ela torna-se uma parte inseparável de Deus e nunca é abandonada ou esquecida. Este verso descreve o mais alto estado de unidade espiritual, no qual uma pessoa vê o Divino em todos os lugares e entende que tudo existe na Consciência Divina. O praticante de disciplina espiritual e Deus tornam-se inseparáveis, e uma unidade eterna reina entre eles.
6-31
O praticante de disciplina espiritual que Me honra como a Alma Suprema que reside no coração de todos e percebe que Eu sou um com todos, permanece sempre em Mim, quaisquer que sejam as suas circunstâncias externas.
Explicação: Neste verso, Krishna ensina que a pessoa que entende a presença Divina em todos os seres e pratica a unidade com essa consciência está sempre unida a Deus. Essa unidade não depende de circunstâncias ou situações externas, pois é uma profunda compreensão interna da unidade de todos os seres. • Presença Divina em todos os seres – o praticante de disciplina espiritual vê que o Divino (Krishna, a Consciência Divina) está presente em todos os seres. Isso significa perceber que em cada criatura viva existe uma faísca da alma que faz parte da Consciência Divina. Essa visão desenvolve respeito e compaixão por todos os seres, pois a pessoa percebe que todos os seres vivos estão interligados na unidade Divina. • Praticar a unidade com Deus – aqui o praticante de disciplina espiritual não só percebe o Divino em todos os lugares, mas também pratica a unidade com essa consciência, buscando a unidade com Krishna. Isso significa viver de acordo com os princípios Divinos e ter plena confiança em Deus. Essa unidade é interna e não depende de circunstâncias externas ou lugar. • Independência de circunstâncias externas – este estado de unidade não é afetado por situações do mundo exterior. Quaisquer que sejam as circunstâncias ou dificuldades para o praticante de disciplina espiritual, ele permanece unido ao Divino, porque essa unidade é interna e inquebrável. • Estado de unidade comigo – quando uma pessoa experimenta essa unidade com Deus, ela se funde com a Consciência Divina e vive em harmonia com todos os seres, mantendo a paz e o equilíbrio. Este estado é o objetivo da disciplina espiritual, que permite experimentar uma conexão constante com Deus e a realização interior.
6-32
Aquele que vê todos os seres igualmente, percebendo a alegria e o sofrimento deles da mesma forma que os seus, é considerado o mais elevado praticante de disciplina espiritual, ó Arjuna.
Explicação: Neste verso, Krishna explica a mais alta conquista da disciplina espiritual – uma visão compassiva e igualitária de todos os seres vivos. Essa atitude requer compreensão e empatia, percebendo o sofrimento e a alegria de todos os seres vivos como os seus próprios. É um estado de compaixão e igualdade que leva à perfeição espiritual. Essa compreensão ajuda Arjuna a libertar-se do egoísmo e a sentir uma profunda unidade com tudo o que existe, pois ele percebe a presença de Krishna em tudo. • Atitude compassiva e igualitária – o mais elevado praticante de disciplina espiritual é capaz de sentir o sofrimento e a alegria de outros seres como se fossem seus próprios. Essa visão permite superar as diferenças criadas pelo ego e proporciona verdadeira empatia e compaixão, que promovem a harmonia com tudo o que vive. • Comparação consigo mesmo – o homem deve ver outros seres da maneira como se vê a si mesmo. Isso significa perceber que todos os seres desejam a felicidade e desejam evitar o sofrimento, assim como ele. Essa compreensão cria uma atitude equitativa para com todos, reconhecendo o desejo comum por felicidade e liberdade do sofrimento. • Perfeição da mais alta disciplina espiritual – Krishna enfatiza que essa consciência igualitária e compassiva é a maior conquista do praticante de disciplina espiritual. Só quando uma pessoa consegue ver todos como iguais e sentir a sua alegria e sofrimento como se fossem seus próprios, ela alcança a verdadeira unidade com o Divino. • Transição do egoísmo para a unidade – este estado leva à liberdade interior do ego e confere à pessoa uma profunda paz e equilíbrio interior. Essa atitude promove uma compreensão mais profunda da vida e da unidade espiritual com toda a criação.
6-33
Arjuna disse: Ó Madhusūdana, o sistema de disciplina espiritual que Tu descreveste parece-me impraticável e insustentável, porque a mente é inquieta e instável.
Explicação: Neste verso, Arjuna revela a sua dúvida sobre as dificuldades de praticar a disciplina espiritual, enfatizando particularmente a agitação da mente. Ele aponta que a mente é instável e imprevisível, pelo que o caminho da disciplina espiritual lhe parece difícil de implementar. Arjuna dirige-se a Krishna como Madhusūdana, que é o nome de Krishna, referindo-se à Sua capacidade de superar dificuldades.
6-34
Pois a mente é inquieta, forte, teimosa e muito difícil de controlar, ó Krishna. Parece-me que controlá-la é mais difícil do que parar o vento.
Explicação: Neste verso, Arjuna continua a expor as suas dúvidas sobre o controlo da mente. Ele descreve as qualidades da mente que a tornam tão difícil de controlar e compara esse processo com o de controlar o vento, o que parece quase impossível.
6-35
O Senhor Krishna disse: Ó filho forte de Kuntī, sem dúvida, é muito difícil controlar a mente inquieta, no entanto, com prática constante e desapego, isso é possível.
Explicação: Neste verso, Krishna responde às preocupações de Arjuna sobre o controlo da mente, concordando que a mente é difícil de controlar, mas aponta dois princípios importantes que ajudam a controlar a mente – a prática e a renúncia. • A mente é difícil de controlar e inquieta – Krishna reconhece que a mente é inquieta, está em constante mudança, vagueia e desvia-se da concentração. Controlá-la é uma tarefa complexa e exige muita disciplina e força. • Sem dúvida – Krishna enfatiza que não há dúvida de que a mente é muito difícil de controlar, concordando com Arjuna que este é um grande desafio no caminho espiritual. • Com prática – Krishna aponta que controlar a mente é possível através da prática constante. A contemplação regular e a prática da disciplina espiritual ajudam a acalmar a mente e torná-la controlável. A prática é o principal meio para alcançar a disciplina mental. • Com renúncia – além da prática, a renúncia ou o desapego das coisas materiais e dos desejos mundanos também ajudam no controlo da mente. A renúncia ao desejo de resultados materiais e ao apego reduz a agitação da mente e permite que se concentre no espiritual.
6-36
Para aquele cuja mente não está controlada, a auto-realização é uma tarefa difícil. Mas aquele que controlou a mente e se esforça com os meios adequados, certamente terá sucesso. Essa é a Minha opinião.
Explicação: Neste verso, Krishna indica que o controlo da mente é um pré-requisito essencial para alcançar a perfeição da disciplina espiritual. Ele explica que sem o controlo da mente a disciplina espiritual é difícil de alcançar, mas com uma mente controlada e esforço persistente o caminho da disciplina espiritual torna-se possível. • Mente descontrolada – Krishna explica que, se a mente não está controlada, ela interfere na prática da disciplina espiritual e torna-a quase impossível. Uma mente descontrolada é inquieta, vagueia de um objeto para outro e, portanto, a pessoa é incapaz de alcançar concentração ou paz interior. • A disciplina espiritual é difícil de alcançar – se a mente está inquieta, a prática da disciplina espiritual torna-se difícil, porque a pessoa carece da concentração e do equilíbrio interior necessários para alcançar o mais alto estado da disciplina espiritual – a unidade com o Divino. • Com uma mente controlada – quando a mente está controlada, a pessoa é capaz de se concentrar na prática espiritual e controlar os desejos e as emoções. Uma mente controlada permite que a pessoa experimente uma contemplação mais profunda e alcance a consciência espiritual. • Com esforço persistente – além do controlo da mente, é necessário esforço e disciplina persistentes. A disciplina espiritual requer prática regular e paciência para alcançar o crescimento espiritual. • Usando os meios corretos – para alcançar o mais alto estado de disciplina espiritual, é necessário usar os meios corretos, como prática, disciplina e renúncia aos apegos mundanos. Os meios escolhidos corretamente levam ao controlo da mente e à paz interior.
6-37
Arjuna perguntou: Ó Krishna, qual é o destino do praticante de disciplina espiritual que inicia este caminho com fé, mas depois, por causa dos desejos mundanos, não consegue concluí-lo e não atinge a perfeição da disciplina espiritual?
Explicação: Este verso expressa as dúvidas de Arjuna e pergunta se existe algum benefício para uma pessoa que não completa o seu caminho espiritual na prática da disciplina espiritual.
6-38
Ó Krishna de braços fortes, uma pessoa que se desviou do caminho transcendental não perde os sucessos espirituais e materiais e perece como uma nuvem dispersa, não encontrando refúgio em nenhum estado?
Explicação: Este verso revela as dúvidas de Arjuna sobre se uma pessoa que se desvia do caminho da disciplina espiritual pode perder conquistas materiais e espirituais, permanecendo sem direção e confusa.
6-39
Ó Krishna, és digno de dissipar completamente estas minhas dúvidas. Ninguém mais pode dissipar estas dúvidas senão Tu.
Explicação: Neste verso, Arjuna suplica a Krishna que dissipe as suas dúvidas sobre o caminho da disciplina espiritual e sobre o destino de uma pessoa que se desvia da disciplina espiritual. Ele reconhece que somente Krishna, que é a Consciência Divina, é capaz de dissipar completamente as suas dúvidas, pois ninguém mais possui tal conhecimento e sabedoria.
6-40
O Senhor Supremo disse: Ó Pārtha, um transcendentalista envolvido em atividades auspiciosas não sofre destruição nem neste mundo nem no mundo espiritual. Meu amigo, quem faz o bem nunca é vencido pelo mal.
Explicação: Neste verso, Krishna conforta Arjuna, explicando que uma pessoa que se esforçou no caminho espiritual nunca perde o seu progresso espiritual. Nem neste mundo, nem no próximo, uma pessoa que pratica disciplina espiritual e faz o bem, experimenta a destruição ou o fracasso.
6-41
O transcendentalista que se desviou do caminho, após muitos anos a viver nos planetas dos piedosos, nasce numa família de pessoas virtuosas ou abastadas.
Explicação: Neste verso, Krishna explica o que acontece àqueles que se desviam do caminho da disciplina espiritual, mas ainda são piedosos e espiritualmente avançados. Essa pessoa, após a morte, ganha a oportunidade de viver nos mundos das pessoas piedosas, mas depois retorna à Terra, nascendo numa família de pessoas puras e nobres para continuar o seu caminho espiritual. Isso significa que o conhecimento espiritual e o serviço puro a Deus são o caminho para a verdadeira libertação, que transcende os simples princípios éticos e rituais, e este serviço envolve amor, entrega e completa confiança em Deus. • Alcança os mundos das pessoas piedosas – uma pessoa que se desviou do caminho da disciplina espiritual, mas ainda mantém a piedade, ganha a oportunidade de viver em mundos onde vivem aqueles que praticam o bem e têm qualidades divinas. • Vivendo longos anos – esta pessoa vive nesses mundos piedosos por muitos anos, obtendo descanso e progresso espiritual antes de retornar à Terra para continuar o seu caminho para a libertação. • Nascendo numa família de pessoas puras e nobres – quando esta pessoa retorna à Terra, ela nasce numa família pura e nobre, o que proporciona um ambiente favorável para o seu futuro crescimento espiritual. Uma família pura e nobre fornece bases morais e apoio material para que a pessoa possa se desenvolver. • Desviado da disciplina espiritual – Refere-se a uma pessoa que não cumpriu completamente a prática da disciplina espiritual, mas cujas boas ações e piedade lhe garantem novas oportunidades para continuar o caminho espiritual na próxima vida. Este verso ensina que o progresso espiritual nunca é perdido. Mesmo que uma pessoa não cumpra completamente a sua prática de disciplina espiritual, os seus esforços espirituais serão recompensados na próxima vida, proporcionando-lhe condições favoráveis para um maior crescimento. Isso nos faz entender que o caminho espiritual é contínuo e prossegue mesmo após esta vida.
6-42
Ou então, ele nasce numa família de praticantes de disciplina espiritual que possuem grande sabedoria. Verdadeiramente, tal nascimento neste mundo é muito raro.
Explicação: Neste verso, Krishna explica que uma pessoa que se desviou do caminho da disciplina espiritual pode nascer numa família de praticantes de disciplina espiritual sábios e espiritualmente conscientes. Tal nascimento é uma bênção especial, pois proporciona as condições mais favoráveis para que a pessoa possa continuar o seu caminho espiritual. Nascer numa família assim é uma oportunidade muito rara e valiosa. • Ou então, ele nasce numa família de praticantes de disciplina espiritual sábios – Krishna indica que tal pessoa pode nascer numa família de praticantes de disciplina espiritual, onde os pais são sábios, espiritualmente desenvolvidos e conhecem o caminho da disciplina espiritual. Tal ambiente proporciona inspiração e apoio para que a pessoa possa continuar o seu caminho espiritual. • Numa família de pessoas sábias e conscientes – isso indica que nesta família existe sabedoria e compreensão espiritual que ajudam a pessoa a desenvolver as suas capacidades espirituais e valores superiores. É um ambiente particularmente favorável que promove o crescimento espiritual. • Tal nascimento é muito raro – Krishna explica que tal nascimento é muito raro e é uma grande bênção, pois nascer numa família espiritualmente desenvolvida oferece uma oportunidade única para progredir mais rapidamente no caminho espiritual. Este verso enfatiza que, se uma pessoa se desviar do caminho da disciplina espiritual, pode ser dada a ela outra oportunidade de renascer numa família com elevados ideais espirituais. Tal ambiente proporciona inspiração e apoio para que a pessoa possa continuar o seu caminho espiritual.
6-43
Ó filho da dinastia Kuru, renascendo numa família assim, ele revive a consciência divina da sua vida anterior e esforça-se novamente para obter sucesso a fim de alcançar a libertação completa.
Explicação: Neste verso, Krishna explica que, se uma pessoa nasce numa família espiritualmente desenvolvida, ela restaura a conexão com o conhecimento e a prática da disciplina espiritual adquiridos na vida anterior. Isso permite que ela continue o caminho para a perfeição espiritual, em vez de começar do zero. Tal pessoa se esforça novamente para alcançar a mais alta perfeição espiritual. • A união da mente com a vida anterior – uma pessoa que renasce numa família espiritualmente desenvolvida restaura a conexão com a vida anterior, adquirindo a sabedoria e o conhecimento que obteve na vida anterior. Ela já possui conhecimento e maturidade espiritual, o que promove um rápido progresso. • Esforça-se novamente para alcançar a perfeição – esta pessoa se esforça novamente para alcançar a perfeição espiritual, continuando o seu caminho iniciado anteriormente. Ela se esforça para alcançar a libertação e a prática completa da disciplina espiritual, continuando a acumular conhecimento espiritual. • Ó Kurunandana – Krishna se dirige a Arjuna como Kurunandana, indicando a sua pertença à dinastia Kuru e a responsabilidade histórica de ser um líder e um guia espiritual.
6-44
Graças à consciência divina da vida anterior, ele involuntariamente se apega aos princípios da disciplina espiritual. Tal transcendentalista inquisitivo, que busca conhecer o caminho da Consciência Divina, sempre se eleva acima dos rituais dos Vedas.
Explicação: Neste verso, Krishna explica que uma pessoa que praticou disciplina espiritual na vida anterior, mesmo involuntariamente, é atraída de volta ao caminho da disciplina espiritual também na próxima vida. A prática da vida anterior fornece uma base que torna esta atração natural e automática. Mesmo que uma pessoa apenas queira conhecer a disciplina espiritual, ela se eleva acima do nível dos rituais dos Vedas e se aproxima de uma compreensão espiritual superior. • Com a prática da vida anterior – esta referência é à prática espiritual da vida anterior. A disciplina espiritual e outros esforços espirituais não são esquecidos, eles continuam a influenciar as vidas futuras, tornando mais fácil a orientação da pessoa para o caminho da disciplina espiritual. • É atraído involuntariamente – uma pessoa que praticou disciplina espiritual na vida anterior é automaticamente e inconscientemente atraída de volta ao caminho da disciplina espiritual também na próxima vida. Mesmo que ela não planeje conscientemente, a sua alma anseia pelo crescimento espiritual. • Mesmo que ele apenas queira conhecer a disciplina espiritual – mesmo que uma pessoa não esteja totalmente dedicada à prática da disciplina espiritual, mas apenas mostre interesse em conhecer a disciplina espiritual, a sua curiosidade e anseio por compreensão espiritual permitem que ela progrida no caminho da disciplina espiritual. • Supera os rituais dos Vedas – tal pessoa se eleva acima do nível dos rituais dos Vedas, que são rituais externos e ações formais. Ela alcança um nível superior de compreensão espiritual que transcende os rituais e leva a uma consciência e compreensão espiritual mais profundas.
6-45
E quando o praticante de disciplina espiritual se esforça com toda a seriedade para se aperfeiçoar ainda mais, libertando-se de todas as impurezas, então, finalmente, após muitos e muitos nascimentos de prática de disciplina espiritual, ele alcança o objetivo supremo.
Explicação: Neste verso, Krishna explica que um praticante de disciplina espiritual que se esforça persistentemente e se purifica dos pecados, continuando a sua prática espiritual por vários nascimentos, acaba por alcançar o objetivo supremo – a libertação e a unidade com o Divino. • Esforçando-se persistentemente – o praticante de disciplina espiritual que pratica a disciplina espiritual de forma contínua e fervorosa, apesar das dificuldades e desafios, continua o seu caminho para a perfeição espiritual. O esforço e a disciplina são essenciais neste processo. • Purificado de todos os pecados – através da prática persistente, o praticante de disciplina espiritual se purifica de todos os pecados e impurezas que bloqueiam o seu crescimento espiritual. Ao purificar a mente e o coração, ele se torna puro e espiritualmente forte. • Aperfeiçoa-se após muitos nascimentos – a perfeição espiritual é frequentemente alcançada após vários nascimentos. Um praticante de disciplina espiritual que continua o seu caminho espiritual por várias vidas, gradualmente se aperfeiçoa até alcançar a perfeição. • Alcança o objetivo supremo – quando o praticante de disciplina espiritual se aperfeiçoa, ele alcança o objetivo supremo, que é a libertação da existência material e a unidade com o Divino. Este é o objetivo final da disciplina espiritual.
6-46
O transcendentalista é superior ao asceta, ao empirista e ao trabalhador fruitivo. Portanto, ó Arjuna, em todas as circunstâncias, sê um transcendentalista!
Explicação: Neste verso, Krishna explica que um transcendentalista, ou seja, uma pessoa que pratica disciplina espiritual e contemplação, é superior aos ascetas, cientistas e trabalhadores. A prática da disciplina espiritual é o caminho que leva à mais alta perfeição espiritual, pois combina conhecimento, ações e disciplina espiritual. • O praticante de disciplina espiritual é superior ao praticante ascético – Os ascetas que praticam ascetismo rigoroso e autolimitação são respeitáveis, mas o praticante de disciplina espiritual é superior porque não apenas se limita, mas também harmoniza a sua mente com a Consciência Divina. • O praticante de disciplina espiritual é superior ao conhecedor – pessoas que possuem conhecimento teórico sobre assuntos espirituais são admiráveis, mas o praticante de disciplina espiritual é superior porque aplica esse conhecimento na prática, alcançando experiência direta através da contemplação e da disciplina espiritual. • O praticante de disciplina espiritual é superior àqueles que realizam ações – os trabalhadores que realizam ações altruístas são dignos, mas o praticante de disciplina espiritual é superior porque não apenas trabalha, mas também se desenvolve espiritualmente e se volta para Deus, unindo ação e contemplação. • Portanto, torna-te um praticante de disciplina espiritual – Krishna exorta Arjuna a tornar-se um praticante de disciplina espiritual, pois este é o caminho mais elevado para o crescimento espiritual e a libertação. Ele indica que o caminho da disciplina espiritual é o que leva à completa unidade com o Divino.
6-47
E de todos os transcendentalistas, aquele que sempre permanece em Mim com grande fé, pensa em Mim dentro de si e Me serve com amor transcendental, é o mais intimamente unido a Mim e é o mais elevado de todos – essa é a Minha opinião.
Explicação: Neste verso, Krishna conclui a descrição da disciplina espiritual, indicando que, entre todos os praticantes de disciplina espiritual, aquele que O adora com total fé e volta a sua mente e alma para o Divino, é o mais elevado. Tal praticante de disciplina espiritual não apenas pratica contemplação e disciplina mental, mas também se volta para o Divino com total fé. • Entre todos os praticantes de disciplina espiritual – Krishna indica que, embora existam muitos tipos diferentes de praticantes de disciplina espiritual, aqueles que se dedicam à disciplina espiritual do conhecimento, à disciplina espiritual da ação e à disciplina espiritual da contemplação, o mais elevado é aquele que se volta para o Divino e O adora com total fé. • Com a mente e a alma voltadas para Mim – este praticante de disciplina espiritual está totalmente concentrado em Deus, tanto com a sua mente quanto com o seu eu interior. A sua alma está voltada para a Consciência Divina, o que o torna uno com o Divino. • Com total fé – este praticante de disciplina espiritual não apenas pratica disciplina espiritual, mas também tem total fé em Deus. A fé é o alicerce que o ajuda a permanecer fiel ao caminho Divino e a dedicar a sua vida à adoração e ao serviço a Deus. • Adora-Me – tal praticante de disciplina espiritual é aquele que adora a Deus com devoção. Ele vê o Divino como o seu refúgio e se dedicou completamente ao serviço a Deus. • O mais elevado praticante de disciplina espiritual – Krishna diz que tal praticante de disciplina espiritual, que se dedicou completamente a Deus, é o mais elevado entre todos os praticantes de disciplina espiritual. Ele alcançou a perfeição porque a sua vida está unida à Consciência Divina.
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